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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Não deixe a peteca cair

Texto preparado para minha participação no Café com Reflexão da CAF


Reflexões são fundamentais para que possamos acertar “nosso norte”, nossa direção – isso é uma máxima que vale para todas as esferas de nossas vidas. Seminários, palestras, cultos e até mesmo conversas podem nos estimular a trabalhar em função de nobres causas – uma busca que, se não pautada em plano de ação, normalmente se reduz a um sonho restrito ao “plano da vontade onírica”, um plano um tanto quanto distante da realidade transformadora.
Os maiores problemas ligados à concretização de altos ideais normalmente se encontram no lançar os alicerces da causa. Lançar os alicerces da causa que se deseja trabalhar não se restringe em defender a importância da causa – para falar a verdade, dificilmente esta etapa inicial começa com a promoção da causa.
Transformar as pessoas da comunidade onde se pretende trabalhar a causa é a primeira etapa para se trabalhar a causa. Por mais que isso pareça com um discurso surrado, esgotado em muitos púlpitos, na verdade é o mesmo princípio utilizado em grandes empresas; nessas empresas isso é chamado de “mudanças na cultura organizacional” – portanto, se for preciso impressionar a opinião comunitária, utilize esse termo, “mudança na cultura organizacional” afinal, o crédito dado a um discurso cheio de termos de gestão é uma tendência moderna e não tem nada de errado em saber usar as ferramentas tão apreciadas pelo homem pós-moderno.
Existe muito preconceito com relação às mudanças na cultura organizacional. O primeiro e principal de todos esses preconceitos normalmente se encontra na mente daqueles que se propõe a iniciar tal mudança, ele se chama “menosprezar a importância da tarefa”.   Quando se menospreza a importância da transformação na cultura organizacional, lança-se a esta tarefa com despreparo – e aquilo que é fundamental para que a causa seja trabalhada de forma sustentável em uma determinada comunidade é reduzido a um discurso comovente, capaz de constranger a comunidade temporariamente, mas que logo perde seu efeito.
Mudar a cultura organizacional requer planejamento. Não basta saber o fim desejado, é necessário prever as etapas necessárias para se chegar a este fim e propor ações que possibilitem que estas etapas sejam cumpridas. Sugiro aqui algumas idéias para auxiliar na implantação de um processo de “mudança na cultura organizacional” de sua comunidade, essas idéias não são a formula mágica que fará tudo dar certo, mas são alguns pontos que identifiquei após algum sucesso e muito fracasso com minhas próprias iniciativas.
1.           Conheça a cultura comunitária
a.    A história da comunidade
b.    Os valores da comunidade
c.    Os formadores do opinião nesta comunidade
d.    Lembre-se que a cultura comunitária não pode ser descaracterizada, mas precisa somente se apropriar de algo novo. A cultura comunitária é o que dá “liga” à comunidade e a perda desta será o fim da comunidade como tal.
2.           Identifique os pecados comunitários
a.    O pecado pessoal se torna comunitário, é preciso auxiliar o fiel a vencer seu pecado pessoal
b.    Existem ídolos comunitários: jejum e oração os evidenciará
c.    Jejum e oração evidenciam o pecado, a ação transformadora trata o pecado como um antídoto que precisa ser ministrado de forma controlada e progressiva.
3.           Promova a causa
a.    Conhecer os caminhos para promover a causa e ter o terreno preparado é meio caminho andado
b.    Pequenas idéias associadas a um ideal maior. Não afogue sua comunidade com ideais tão altos que se tornam impossíveis. Lance propostas menores do que o ideal como um todo para que a comunidade possa se adequar ao ideal da causa aos poucos.
c.    Babysteps (passos de bebe). Não corra, ande conforme a firmeza que tiver. É melhor demorar mais para começar a andar do que se aventurar a querer correr e se ferir. Pequenas ações, por menor que seja o impacto destas para a causa são preferíveis a ações “edição limitada”.
d.    Incentive e valorize as pequenas ações. Como diz o dito popular “de grão em grão a galinha enche o bico”, da mesma forma a causa é trabalhada. De pequena ação em pequena ação. Grandes ações de grande impacto são muito boas, mas a causa precisa ser trabalhada progressivamente, precisa de continuidade. Valorize a constância, valorize o empenho, valorize o pequeno – cuide bem das pequenas sementes que Deus te deu, nunca se sabe qual delas se tornará uma grande e frutífera árvore.
e.    Ligue os pontos.  Quando a comunidade já estiver familiarizada com as propostas lançadas de forma controlada, ligue os pontos entre essas idéias e o ideal da causa, entre as ações promovidas e o impacto delas para a causa - faça isso de forma positiva, ou seja, não enfoque no problema mas sim no como a comunidade já tem contribuído com essa causa através das ações que já tem exercido. Isso incentiva a comunidade não apenas a continuar o trabalho que já tem realizado, mas a se empenhar cada vez mais com a causa.

Já pensou no impacto local de ter outros irmãos, outras comunidades, empenhadas com esta causa? Já pensou no que poderá ser realizado? Bem, isso já fica para o próximo Café, afinal, precisamos aprender a andar antes de corrermos.

Não deixe a peteca cair, não deixe a reflexão se tornar um sonho cativo ao plano onírico.  A mudança na cultura organizacional em sua comunidade começa hoje em você. Não coloque o que você ouviu hoje em um canto escondido de sua vida, mas utilize tudo isso como complemento para sua meditação pessoal. Faça perguntas como:
  1. Será que tenho orado sinceramente sobre esta causa e sobre meu envolvimento com ela? Será que estou de fato pronto para promover uma causa ou será que ainda tenho poste-idolos que precisam ser derribados em minha própria vida?
  2. O que posso fazer no próximo mês considerando o que foi ouvido no Café com Reflexão?
  3. Com quem posso compartilhar este sonho? Quem poderá orar comigo sobre esta causa?
  4. O que espero que aconteça em minha comunidade tendo em vista a prevenção e o acolhimento?

Eu sinceramente espero que você e sua comunidade encontrem a alegria de se cumprir o propósito Deus para a igreja.

Que Deus os abençoe!

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