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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Se a religião é o ópio do povo, as ideologias são o crack e o óxi do cristianismo


Certa vez plantei uma muda de orégano junto a uma muda de tomilho, certo tempo depois o orégano tinha gosto de tomilho e o tomilho tinha cheiro de orégano. Se eu usasse aquele orégano para temperar uma pizza ela ia ficar com um gosto estranho, ia ser uma pizza com sabor de algo que não era pizza; da mesma forma, se eu temperasse um peixe com aquele tomilho, ele ia ficar cheirando a pizza, o que era passava uma sensação muito estranha na hora de comer.

Com o cristianismo e as ideologias não é diferente. Se não plantarmos as mudas em lugares bem distintas de nossas mentes/corações, em um dado tempo não teremos nem uma nem a outra, perderemos o senso crítico e trataremos tudo como sendo a mesma coisa. Teremos ideologias que tem cheiro de cristianismo e um cristianismo que tem sabor de ideologias e, ao tentarmos temperar o mundo, acabaremos por fazer uma bizarrice tremenda.

Acho que é ingenuidade crer que podemos ser cristãos isentos de ideologias, somos seres sociais altamente sincréticos e, de uma forma ou de outra, acabamos incorporando ideologias - mas a questão é: elas não devem servir como ponto de partida ou como ponto de chegada do cristianismo.

Teologias com um viés ideológico ou com outro não são teologias mais maduras, mas sim teologias ideológicas, híbridos bizarros de coisas bem distintas. Essas teologias não colaboram diretamente com o fortalecimento da Igreja e consequentemente com a proclamação do Reino de Deus, mas antes fortalecem ideologias proclamando o reino de algum deus.

Essa não é uma crítica nova, e se parasse na crítica de nada teria proveito. O que proponho é um total recall – um desmatar da horta de nossas mentes e nossos corações, um reset intelectual e emocional para colocar as coisas em seu devido lugar. Precisamos parar de achar que nossa forma de ver o mundo é a correta. Precisamos plantar novas mudas puras em lugares bem distintos de nossas mentes e nossos corações, e dar a essas mudas a importância que é devida para cada uma delas. Se verdadeiramente somos cristãos, o cristianismo não deve ter o mesmo peso, a mesma importância que nossas ideologias, e logo merece receber mais espaço e mais cuidado para que este produza mais fruto que nossas ideologias – nosso objetivo deve ser produzir cada vez mais fruto do cristianismo e cada vez menos fruto de ideologias.

 A sinceridade e o esclarecimento permitem nos habilitam a distinguir entre as folhas do orégano e do tomilho para que plantemos suas mudas em lugares bem distintos de nossos corações e de nossas mentes. A sinceridade e o esclarecimento permitem que paremos de entulhar os nossos “quartos” com pilhas e mais pilhas de conceitos bagunçados, sem distinção entre o que é cristianismo do que é alguma ideologia. A sinceridade e o esclarecimento criam prateleiras em cômodos distintos de nossa “casa” para que organizemos de forma sensata nossos valores, princípios e ideais, distinguindo o que é cristianismo daquilo que é ideologia.

“Com sabedoria se constrói a casa, e com discernimento se consolida. Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável.” Provérbios 24:3-4

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